Esperando a morte chegar

O hospital Mont Serrat, em Salvador, na Bahia, atende pelo SUS e recebe pacientes para cuidados paliativos, que desejam morrer com dignidade.

Na Índia, a cidade de Varanasi, uma das mais antigas do mundo, é famosa por receber pessoas que peregrinam até ali para aguardar a morte. As margens do Rio Ganges e considerada sagrada pelos hindus é repleta de rituais de purificação e despedida. Piras ardem dia e noite com corpos e pessoas cantam e agradecem alegremente.

A ideia de escolher um local para morrer não é nova e a maioria das pessoas, se pudesse, preferiria estar com familiares e amigos nestes últimos instantes.

No Brasil, desde janeiro de 2025, um hospital público de cuidados paliativos pode proporcionar esses momentos para pacientes no final da vida. Ocupando um casarão construído em 1853, na região da igreja do Bonfim em Salvador-BA, onde antes funcionava o Hospital de infectologia Couto Maia, o Mont Serrat possui 70 leitos.

Não tem UTI, nem Pronto Socorro e nem sala de reanimação.

O necrotério fica no centro, entre os quatro pavilhões, e no mesmo ambiente, dividido por uma porta de correr, fica a Sala da Saudade.

É ali que muitas famílias se despedem, se abraçam e se acolhem, depois que um familiar faleceu, porque a premissa é que os parentes também sejam cuidados.

A equipe inteira da unidade é composta por 430 pessoas, e passa pelo mesmo treinamento. Seguranças, faxineiros, enfermeiros e médicos participam de dinâmicas que discutem empatia e questionamentos como: de que maneira você gostaria de ser tratado se chegasse aqui? O que você pediria nesse tempo?

Não há capela, mas um píer com vista para o mar. No fim das tardes, há uma movimentação de macas e cadeiras e os pacientes apreciam o sol se pôr sobre as águas.

Esse assunto está na Diretor Funerário de agosto de 2025.

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