Mãe passa dias com a filha natimorta

Viver o luto de um filho é muito difícil. Amy Dutch, 25, é uma mãe que sofreu muito com essa dor. Por isso, ela teve permissão para levar sua filha Alicia-Mae para casa nos últimos 12 dias antes do funeral, depois que a bebê nasceu com apenas 26 semanas, em 18 de abril deste ano.

A mãe contou que tinha um berço refrigerado, que ajuda na preservação do corpo. No tempo em que ficou com a filha, Amy cantou e leu histórias para a bebê, sem vida. Uma das músicas era ‘You Are My Sunshine’, que foi tocada no funeral da menina. A mãe, que mora em Londres, na Inglaterra, também conseguiu tirar muitas fotos e, passou semanas dormindo ao lado da sua bebê falecida: primeiro no hospital e depois na casa de sua família.

“Durante toda a gravidez, estive fixada na imagem de uma cesta, um moisés, na minha cama e, em seguida, acordar com meu bebê chorando”, disse. “Essa imagem nunca se concretizou, mas o fato de que eu ainda poderia fazer metade dela se tornar realidade realmente aqueceu meu coração “.

A mãe ainda ressalta que muitas pessoas podem achar entranha a ideia de ficar com um natimorto por dias, mas foi a forma que ela encontrou de lidar com a sua dor. Amy passou seu tempo costurando um vestido para a pequena Alicia. “Levá-la para casa me permitiu fazer a troca de roupa e cobertores, ser ativamente mãe”, disse Amy. “Agora tenho fotos da minha filha no meu quarto e isso me enche de alegria. Havia algo extremamente reconfortante em vê-la em casa. Sua jornada parecia mais completa”.

 Amy descobriu que estava grávida no final de novembro do ano passado enquanto vivia na Turquia. Foi só quando Amy completou 26 semanas de gravidez que ela sentiu algo errado. “Alicia não tinha se movido por algumas horas”, disse ela. “Eu tinha uma consulta com minha obstetra no dia seguinte, decidi esperar até lá.”.

Ao examinar a gestante, a médica não encontrou o batimento cardíaco. Amy foi levada às pressas ao hospital para um exame de emergência e viu que seu bebê tinha morrido. “Eu ainda teria que vir para a enfermaria de parto no hospital e dar à luz meu bebê como eu faria normalmente, mas com a diferença mais dolorosa: ela não iria chorar, nem abrir os olhos, nem voltar para casa comigo para sempre”. 

Amy deu à luz em 18 de abril. “Ela foi colocada em meus braços e o mundo inteiro parou”, disse Amy. Depois de sair do hospital, Amy visitou sua filha na casa funerária todos os dias, até que mais de uma semana depois ela começou a se sentir mal e ficou presa à cama com gripe e não pôde mais visitá-la. Logo depois, Amy ganhou um berço para que ela pudesse levar o bebê para casa nos últimos 12 dias antes do funeral.

O berço foi montado ao lado da cama de Amy, para que ela pudesse dormir ao lado de Alicia como ela tinha feito no hospital. Ela conseguiu fazer uma videochamada para o marido na Turquia para que ele pudesse ver sua filha. “Não há nada que alivia a dor de perder um bebê, mas a dádiva do tempo é algo extremamente importante”, disse a mãe. Alicia foi cremada e Amy planeja que suas cinzas sejam adicionadas às suas quando morrer, para que possam descansar juntas.

Berço refrigerado – Um porta-voz do King’s College Hospital, na Inglaterra, disse que os berços foram doados ao hospital por uma instituição de caridade. “Esses berços podem ajudar os pais durante um dos momentos mais difíceis de suas vidas, permitindo-lhes levar o bebê para casa enquanto enfrentam o impacto devastador de natimortos ou aborto espontâneo tardio. Muitos pais dizem que a experiência os ajuda a aceitar sua perda.”

Revista Crescer