Sem velórios, sepultamento de vítimas do coronavírus reforça o drama da pandemia

As despedidas são sempre difíceis; em tempos de pandemia, o último adeus se torna um momento angustiante.

A reportagem é sobre a cidade de Franca, mas retrata a realidade de todo o país. Algumas localidades – onde o número de óbitos é dolorosamente maior que o “normal” – apresentam situações ainda piores.

Despedir-se de um ente querido é sempre doloroso. As medidas de restrição impostas pelo combate à covid-19 fizeram com que esse momento aumentasse o vazio em milhares de famílias no país.

Desde o dia 12 de abril, quando foi registrada a primeira morte pelo coronavírus em Franca, interior de SP, os protocolos de higiene e prevenção rígidos se tornaram evidentes – e dolorosos – para muita gente. As medidas não só implicaram na mudança da rotina de trabalho de muitos funcionários das funerárias, dos velórios e dos cemitérios, como também na vida de pessoas que perderam alguém para a doença e não puderam ter qualquer contato físico durante a despedida.

O momento é particularmente difícil para os familiares, que esperam ao menos uma despedida digna.

O procedimento é realizado da mesma forma em todas as funerárias da cidade. Assim que a papelada é finalizada, as empresas recebem os corpos já devidamente envelopados pelo hospital responsável e só realocam para as urnas. Desde o início da pandemia tudo é feito da maneira mais rápida possível, sem velório, sem preparação (no corpo) e com os funcionários utilizando todo o equipamento de proteção individual.

Na maioria dos casos, o caminho da funerária até o cemitério não pode ser acompanhado pelos amigos e familiares, o tradicional cortejo. Com hora marcada, apenas a família espera no local do sepultamento a chegada da urna, que é escoltada por guardas para que não haja nenhum tipo de aproximação. No momento do sepultamento, não deve haver aglomerações. É aconselhado que quem presencia mantenha distanciamento e observe de longe.

Os velórios de quem não apresentou a doença ainda estão ocorrendo, mas com algumas exigências. Existe uma quantidade limitada a oito pessoas por vez nas salas de velório e a duração pode ser de no máximo quatro horas. É recomendado que quem participe se atente também ao distanciamento social.

 

Fonte: GCN NET