Livro fala sobre o ressignificado do luto

Josy Anne perdeu o pai em um acidente que o ônibus despencou do viaduto conhecido como Tobogã, em Itaguaí. A economista Rosania de Oliveira perdeu a filha, na época com 26 anos, vítima de um câncer. Além dos dois fatos terem ocorridos em 2013, outro fio conduz as duas histórias. Ambas estão narradas na obra Oito Histórias de Saudade – para ressignificar o luto, da assistente social Márcia “Quannyn” Torres,  lançado no dia 13 de abril, no bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.

O escopo do livro, baseado em fatos reais, se distancia do divã para valorizar a solidariedade entre enlutados – “livre de lições e abundante de compreensão”, define a autora. Desfolheando a obra, o leitor encontra relatos dos participantes de grupos que Quannyn coordena presencialmente, no Rio de Janeiro. Ela é percussora desse serviço na cidade, desde 2011, quando criou o coletivo “Amigos Solidários na Dor do Luto”. Anos depois, a assistente social ficou à frente do programa A Vida Não Para, idealizado pela direção do Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, tendo como padrinhos o treinador de futebol Abel Braga e a atriz Cissa Guimarães. O atendimento à população é gratuito, através de palestras quinzenais.

“No livro os integrantes compartilham as suas emoções e sentimentos de uma forma que emociona e toca qualquer pessoa que já perdeu um ente querido”, diz a assistente social. A vocação para acompanhar grupos de apoio ao luto foi descoberta pela profissional no momento em que ela apoiava uma amiga a elaborar a morte do filho. Atualmente, Márcia dedica a vida profissional no auxílio às pessoas enlutadas.

Quannyn salienta que o luto não elaborado tem levado muitos brasileiros aos consultórios médicos. “Ao longo da minha vida, com as minhas experiências e das pessoas que pude acolher, li muitos livros sobre o luto, e a maioria ensinava a superar tudo. No luto aprendi que nunca há superação. Entendo que há uma adaptação à nova vida e maneiras de transmutar toda aquela energia dolorosa em mais energia amorosa”, avalia.

A população de Aracaju já conheceu o trabalho e sua autora. O lançamento na capital sergipana aconteceu em fevereiro deste ano.

Serviço

Oito Histórias de Saudade, LM Editora. 112 páginas