No último dia 26, portal nacional de cartórios de registro civil registrava 106.228 óbitos em abril; no dia seguinte, só 22.103 mortes.
No último dia 26, o portal da transparência dos cartórios de registro civil do país registrava o número de 106.228 óbitos ocorridos no mês de abril deste ano no Brasil. No dia seguinte, contabilizava apenas 22.103 mortes. Ou seja, de um dia para o outro, milhares de registros simplesmente desapareceram do sistema.
Para tentar resolver essas falhas, a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (ABREDIF) iniciou a elaboração de um projeto, que consiste na criação de um sistema digital para registro de óbitos, que será apresentado ao governo federal como sugestão a ser utilizada em todo o país.
O sistema será composto por fases. Na primeira, será definido um modelo padrão e produzido um portal de serviços. Em seguida, será feito o cadastramento no sistema. Nessa etapa, serão inseridos os dados de todos os médicos com registro válido no Conselho Federal de Medicina, todas as empresas funerárias regularmente instaladas e autorizadas a operar no mercado, os cemitérios instalados e os cartórios de registro civil. Já na etapa seguinte, no momento do óbito, o médico acessaria o sistema com seu código e senha, registrando os dados básicos, que hoje é por meio de documento físico, a declaração de óbito e, em seguida, assinaria eletronicamente o documento, informando a família o número do registro.
Neste momento, os sistemas de saúde e de epidemiologia também já seriam informados dos dados próprios a cada setor e necessários a uma pronta ação nos casos que existam risco à saúde pública.
Na terceira fase, a família escolheria a funerária para contratação do serviço funerário e informaria o número do registro do óbito anotado no receituário. A empresa acessaria o sistema com seu código e senha e complementaria os dados com as informações adicionais necessárias, que não constam da declaração de óbito feita pelo médico. Nesta fase, os documentos das partes seriam digitalizados e o declarante firmaria digitalmente as informações. O cemitério escolhido receberia de imediato a comunicação e o cartório de registro civil da jurisdição (definido automaticamente pelo CEP do local do falecimento) receberia os dados para que proceda o assentamento do óbito e realize os comunicados de lei a ele determinado e informe também a todos os órgãos governamentais.
O procedimento seria finalizado com a emissão de documentos. A partir do registro dos dados no cartório, seria gravado o número oficial no sistema, o que fecharia o processo ficando a partir deste momento impossível qualquer alteração ou violação. Feito o registro, seria possível emitir eletronicamente a primeira via (gratuita) da certidão de óbito.
De acordo com estudo do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios (Sincep), 87% dos brasileiros não se sentem preparados para lidar com a morte. Pesquisa conduzida pela agetech Janno em parceria com a MindMiners, intitulada “Plano de Vida & Legado” aponta que a pandemia da Covid-19 colocou holofotes nas questões da longevidade e finitude. O mapeamento mostra que sete em cada 10 entrevistados com mais de 60 anos afirmam que estão refletindo mais sobre a finitude durante a pandemia; quatro em cada 10 estão com medo de morrer; dois em cada 10 começaram o planejamento de fim de vida durante o distanciamento social.
Conduzida com 1.053 brasileiros com mais de 45 anos, a pesquisa inova ao pautar análises da relação do cidadão maduro com o novo formato e perspectiva de vida, que agora esticou. O estudo mostra que há um território vasto a ser explorado por vários segmentos do consumo e startups, inclusive de planejamento de fim da vida.
Oito em cada 10 brasileiros afirmam que são independentes e não gostam de dar trabalho a familiares ou amigos. Na prática, independência e autonomia são palavras de ordem: 83% dos brasileiros com mais de 45 anos afirmam que um dos maiores medos é depender fisicamente de outras pessoas ao envelhecer; 78% têm medo da dependência financeira.
Sobre o planejamento, sete em cada 10 afirmam que planejam a velhice para não depender financeiramente de familiares e amigos. E esse planejamento tem que levar em conta o alongamento da vida. Embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponte que a expectativa de vida é de 76 anos no Brasil, seis em cada 10 dos entrevistados com mais de 65 anos acreditam que vão viver mais de 90 anos.
Sobre as “vontades” seis em cada 10 brasileiros com mais de 45 anos, afirmam que querem morrer em casa; 13% em hospice (com cuidados especiais de tratamento de fim da vida); 13% em hospital, mas não UTI; 4% em casa de repouso; e 2% na UTI.
Fonte: Monitor Mercantil