A Páscoa e as atividades funerárias

A sexta-feira Santa, dia de grande simbolismo cristão, é marcada pelos rituais de preparação do corpo e sepultamento de Cristo

A Páscoa é uma celebração da tradição do cristianismo e relembra-nos os últimos atos da vida de Jesus Cristo. Essa festa surgiu sob influência de uma celebração judaica, chamada Pessach, que acontece, aproximadamente, no mesmo período. A Páscoa ocorre como lembrança da prisão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

É a celebração mais importante do calendário religioso do cristianismo e é um período aguardado com muita expectativa pelos fiéis. A data da Páscoa é móvel, e seus critérios de definição foram estabelecidos pela Igreja Católica no século IV d.C.

Mais que uma data comercial para vender chocolates ou uma grande oportunidade para reunir amigos e familiares num grande almoço festivo de domingo, a data tem importantes simbolismos religiosos que estão fortemente ligados à morte a ao funeral.

Evidentemente os rituais fúnebres antecedem a morte de Jesus Cristo, mas os simbolismos cristãos atribuídos a eles marcaram todos os séculos desde então.

Na sexta-feira Santa acontece tradicionalmente a “Procissão do Senhor Morto”: uma caminhada para lembrar o “cortejo” do corpo de Jesus até o Santo Sepulcro.

Esse rito relembra o momento em que os discípulos retiram o corpo de Jesus Cristo da cruz para sepultá-lo.

Textos bíblicos relatam que Jesus morreu na sexta-feira, véspera de um feriado judaico que dura 07 dias e determina que no primeiro deles todos devem “descansar”. Assim, Jesus precisou ser sepultado no mesmo dia de sua morte, pois o sábado seria o dia de descanso.

Segundo os cristãos, foi José de Arimatéia – um comerciante bem situado – que reclamou o corpo de Jesus, diretamente a Pilatos.

“José compra linho fino e tira o corpo de Jesus da estaca. Ele enrola o corpo no linho em preparação para o sepultamento. Nicodemos, ajuda na preparação. Ele traz uns 33 quilos de uma mistura cara de mirra e aloés. O corpo de Jesus é enrolado em faixas que contêm esses aromas, conforme os judeus costumam fazer no sepultamento.

José tem um túmulo novo, escavado na rocha, ali perto. E o corpo de Jesus é colocado nele. Então uma grande pedra é rolada até a entrada do túmulo. Isso é feito às pressas, antes de o sábado começar”.

Maria Madalena outras mulheres preparam os óleos para banhar o corpo de Jesus, no domingo, e não o encontram na tumba onde fora enterrado.

Ritual Judaico – Os judeus do primeiro século preparavam os mortos logo depois da morte da pessoa, geralmente no mesmo dia. Havia dois motivos para isso: Primeiro, os corpos se decompõem com muita facilidade no clima quente do Oriente Médio. Segundo, de acordo com o modo de pensar da época, deixar um corpo sem enterrar por dias mostraria falta de respeito pelo falecido e sua família.

Os relatos mostram que os judeus eram muito cuidadosos ao preparar o corpo para o enterro. A família e os amigos lavavam o corpo do falecido, untavam-no com óleos aromáticos e o enrolavam em panos. Os vizinhos e outras pessoas passavam para expressar seu pesar e consolar a família.

As famílias judias enterravam seus mortos em cavernas e em túmulos escavados em rocha. Esse tipo de sepultura geralmente tinha uma entrada estreita. Dentro dela, vários nichos, ou espaços semelhantes a prateleiras, eram escavados na rocha, onde os corpos de familiares falecidos eram colocados.

Segundo o costume da época, depois que a carne se decompunha, os ossos secos eram recolhidos e colocados num recipiente de pedra chamado ossuário. Assim, a família teria mais espaço para sepultamentos futuros.

Jerusalém — A tumba na qual o corpo de Jesus foi colocado após a crucificação, segundo a tradição cristã, foi exposta pela primeira vez, depois de cinco séculos, em 2016.  O projeto na época era a restauração da mais interna câmara da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, um dos locais mais sagrados do Cristianismo.

A tumba estava selada desde 1555, por uma imensa placa de mármores, removida em 2016 pela equipe de arqueólogos. Muitos historiadores acreditavam que a caverna original, identificada séculos depois da morte de Jesus como a sua tumba, teria sido destruída com o tempo. Mas um arqueólogo acompanhando a equipe de restauração disse que testes com radares que ajudam a “enxergar” através do solo determinaram que paredes da caverna estão de pé, com altura de dois metros e ligadas a um chão de pedra, atrás dos painéis de mármore da câmara no centro da basílica.

Após a remoção do lacre, os cientistas revelaram algo inesperado: outra placa de mármore. Esta segunda laje, cinza e com a gravura de uma pequena cruz, deve ter sido colocada no século XII.

No século II, o imperador romano Adriano ordenou que o local, indicado como a sepultura de Jesus, fosse aterrado e nele fosse construído um templo dedicado a Vênus.

Dois séculos depois, o imperador Constantino decretou o fim da perseguição contra os cristãos e, em 326, sua mãe, Helena, visitou Jerusalém para encontrar os locais associados aos últimos dias de Jesus, e identificou o local da crucificação e a tumba, onde foi construída uma igreja substituindo o templo de Adriano. Ao longo dos séculos, ela foi destruída e reconstruída diversas vezes, até o século XIV, quando ela passou a ser administrada por monges católicos e ortodoxos.

Fonte: Diretor Funerário (O Globo / JW.Org / textos bíblicos)