“Quem foi temperar o choro e acabou salgando o pranto?” escreveu Leandro Gomes de Barros, o rei da poesia do sertão.
A consciência profissional, para atender aqueles que acordaram e vestiram o luto, somente é adquirida quando se é capaz de realizar sua missão sem salgar o pranto.
O Diretor Funerário não vive da morte, mas sim de “embrandecer o momento do luto”, se fazendo presente, na medida da necessidade, sempre de forma discreta e com eficiência.
Desde que os cuidados com a morte foi afastado das famílias e as pessoas deixaram de morrer em suas casas, para falecer em um leito de hospital… desde que as famílias deixaram de velar seus entes nas residências, para só no velório vê-los em sua última cena… a atividade funerária assumiu um papel de relevância no processo da apresentação da morte aos familiares e amigos.
Para que se inicie oficialmente o processo de luto é preciso se certificar, da veracidade da incompreendida morte, por meio da visualização material. É necessário ver o corpo sem vida.
O coadjuvante de todo este ato é o Diretor Funerário e seus colaboradores. São eles que terão o primeiro contato com o falecido (no hospital ou IML), são eles que promoverão a sua higienização, vestimenta e apresentação.
Quando a pessoa vem a óbito seu nome e sua história se desprendem do corpo e passam a ocupar, um lugar na imaginação das pessoas, mas ele, o corpo, ainda esta aqui, e precisa, mais do que nunca de alguém, já que não pode mais exercer sua própria vontade, mas tem ele o direito legal e sagrado de ser dignamente tratado e sepultado, e será, mas não sem antes ser apresentado a sociedade com um novo titulo, “Falecido”. Doravante sera lembrado como “meu Falecido esposo”, “meu Falecido irmão”.
Ser Falecido engrandece. Todos são, sem exceção, promovidos na hierarquia existencial, imediatamente perdoados e elevados a alcançam. Uma categoria que só poucos anjos
Trabalhar ao lado deles nos leva a momentos de profunda reflexão, quando compreendida,conseguimos embrandecer.
Lourival Panhozzi