Nas brincadeiras, quando a morte era assunto, seu Antônio Alencar já dava o recado, não queria ninguém triste em seu velório. Para a família, ainda pedia que tocasse “Boate Azul” e que todo mundo bebesse. Foi assim por anos até que chegou a hora de realizar o desejo. Na calçada da funerária, por quase dois dias, teve cerveja, carne, mandioca e carro de som, tocando a música pedida.
Seu Antônio, conhecido como “tio Milagroso” morreu no dia 24 de setembro, de infarto, aos 69 anos. E deixou um legado de história e saudade. Assim que a notícia se espalhou, os familiares foram se achegando na casa da filha do tio, com um fardo de cerveja. O velório foi da noite de quinta até a manhã de sábado. A “demora” tinha justificativa e não era por conta da festa. O filho de Milagroso mora em Aracaju, no Sergipe e não conseguiu chegar antes.
É a primeira vez que se tem notícia de um velório de festa na porta da funerária. “A gente fez o que ele realmente queria e o que era para ser um momento triste, virou uma descontração”, conta o sobrinho.
Milagroso deixou a mulher, dois filhos, quatro netos e grandes admiradores. Uma história bonita de vida, de quem agora passou para o outro lado.