Mãe diz que não pode realizar desejo de filho morto por erro de funerária

A dor de perder um filho aos 4 anos ultrapassou os limites para a dona de casa Areta Rubini no início desta semana em Pontal (SP). Diogo morreu no domingo (24), vítima de um câncer maligno no mediastino, região entre os pulmões. Para prestar a última homenagem, ela decidiu enterrar o menino com o bicho de pelúcia preferido dele, uma vaquinha, mas Areta afirma que a funerária responsável pelo serviço perdeu o brinquedo.

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Diogo ganhou bicho de pelúcia da madrinha

Magoada e frustrada por não conseguir homenagear o filho, ela postou um vídeo em uma rede social em que mostra todo seu pesar e reclama do tratamento recebido por uma funcionária. “Eu não aceito o que eles fizeram comigo. Sei que é uma coisa material, mas era importante para nós. Um valor sentimental muito grande para nós”, diz.

Um boletim de ocorrência foi registrado pelos pais de Diogo.

Em nota, a Funerária Bom Jardim, contratada pela família do menino, afirmou que Diogo foi enterrado com o bicho de pelúcia, colocado embaixo do corpo. A empresa informou também que medidas internas foram aplicadas aos funcionários citados por Areta.

Vaquinha amiga na UTI

Diogo ficou internado em julho no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP) até que foi transferido para a Santa Casa de Sertãozinho (SP). Segundo Areta, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a médica permitiu que o menino ficasse com o bicho de pelúcia, já que ela mesma não podia fazer companhia ao filho durante todo o tempo por causa das regras hospitalares.

Areta afirma que a ‘vaquinha’, como era chamada por Diogo, foi presente da madrinha a quem o menino era muito apegado. “Faz anos que ele dorme com bichos de pelúcia, mas esse era especial. Ele não ficava sem esse bichinho, nem quando ele estava inconsciente, ele largava dessa ‘vaquinha’. As enfermeiras colocavam perto dele”, diz a mãe.

O menino morreu no domingo. Na declaração de óbito consta que Diogo tinha um câncer maligno no mediastino, região entre os pulmões. Areta recebeu da médica a sugestão para que enterrasse Diogo com o bicho de pelúcia que tanto amava.

Velório sem o brinquedo

A dona de casa conta que a médica enviou o brinquedo à funerária, mas para sua surpresa, já no velório, o bicho de pelúcia não estava no caixão com o corpo do filho. Areta afirma que uma funcionária chegou a informar que o brinquedo estava entre as pernas da criança.

“Ela mexeu e não achou, mesmo discretamente”, diz.

Na segunda tentativa de localizar o brinquedo, por volta das 3h, a mãe conta que pediu ajuda pelo interfone a uma funcionária, mas que ela se recusou a auxiliá-la. “Pedimos para ela verificar e pegar o bichinho, ela disse que não ia mexer. Fui conversar com ela e ela se recusou a abrir a porta, deixou a gente trancada e disse que não ia lá pegar. Disse que não ia porque se esse bichinho estivesse lá dentro, devia estar cheio de sangue por baixo. Perguntei se ela era mãe. Ela desligou o interfone.”

Antes dos problemas envolvendo a vaquinha, Areta alega que a família precisou tirar uma segunda via da certidão de nascimento de Diogo, porque os funcionários tinham perdido o documento original.

“Isso atrasou o funeral em três horas porque tivemos, em meio de toda essa dor, procurar um cartório para a segunda via da certidão de nascimento. Depois disso, alguém da funerária achou.”

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Diogo, de 4 anos, morreu por causa de um tumor maligno

Repercussão de vídeo

Após enterrar o filho, Areta encontrou nas redes sociais uma forma de desabafar. O vídeo publicado no Facebook foi visto milhares de vezes e ela recebe apoio de pessoas que nem conhece.

A dona de casa diz que a empresa só procurou a família após a postagem e que recebeu um pedido de perdão. Areta diz que a funerária se recusou a receber o restante do valor que deveria ser pago pelos serviços.

“Se eles tivessem assumido que perderam o bichinho eu até iria entender, mas não é o valor material que conta nessa hora. Me senti lesada, humilhada e desrespeitada. Foram insensíveis com a dor de uma mãe. Eu e minha família nos sentimos humilhados e mal tratados pelas funcionárias.”

Procurada, a Funerária Bom Jardim informou em nota que a criança foi sepultada com o bichinho de pelúcia e que o objeto estava sob o corpo dela. Segundo a empresa, em respeito aos princípios éticos e legais, o brinquedo não poderia ser retirado sem o manejo em laboratório adequado e privado, sem exposição ao público, devido ao corpo ter sido necropsiado.

Com relação ao atendimento, a empresa informou que já foram tomadas providências para elucidação de eventuais falhas. A funerária também afirma que não infringiu nenhuma lei.
A empresa diz que se colocou à disposição da família e ofereceu apoio psicológico por meio de seu quadro de funcionários.