Cerca de 2.500 caixões aguardam para serem cremados e enterrados na capital italiana Roma em meio a uma crise no sistema funerário durante a pandemia. Em alguns casos, a espera já dura meses e segue sem desfecho. Enquanto isso, os corpos de vítimas são acondicionados em depósitos dos principais cemitérios.
A italiana Wanda, de 90 anos, morreu em 22 de janeiro, mas até o inicio de maio não tinha sido sepultada. A agência funerária informou à AMA, empresa que administra os cemitérios da capital, que a data prevista para seu enterro é 13 de julho, quase sete meses depois de seu óbito.
No cemitério Flaminio, mais conhecido como Prima Porta e o maior do país, estima-se que há quase 2.500 corpos aguardando. Desde que a crise veio à tona, a ordem no local é cobrir os caixões e fechar os portões.
Há filas nas entradas do cemitério e mortos não estão sendo aceitos em razão da lotação dos depósitos, que incluem o necrotério, as câmaras frigoríficas e o crematório. É nesses lugares que os caixões são “guardados”, com adesivos que identificam o falecido.
A crise, no entanto, não é justificada pelo alto índice de mortes por Covid-19 no país, que atualmente tem controle maior da pandemia. Um dos maiores problemas enfrentados é a falta de funcionários. Uma investigação policial descortinou um golpe em que alguns agentes funerários cortavam pedaços dos corpos dos mortos em vez de cremá-los para evitar custos, o que acarretou em demissões. Esses postos de trabalho ainda não voltaram a ser preenchidos. Além disso, um surto de coronavírus atingiu os escritórios da Ama, levando ao afastamento de seus profissionais. Em dado momento, apenas uma pessoa ficou responsável por gerir 12 cemitérios italianos.
Fonte: Revista Época