O município de Patras, na Grécia, lançou um concurso para o projeto de um Crematório – um assunto altamente debatido no contexto grego ortodoxo.
A proposta vencedora foi dos arquitetos Stelios Andrikopoulos, Konstantinos Grivas e Alexandra Stratou.
Tão aguardada e altamente contestada, essa novidade enfrenta, ao mesmo tempo, a recusa da igreja e a demanda crescente. O governo de Patras decidiu, portanto, lançar um concurso para o primeiro crematório municipal do país, “marcando a transição para uma cultura funerária mais diversificada na sociedade grega contemporânea e estabelecendo os padrões arquitetônicos que o sustentam”. A proposta vencedora é, de fato, uma tentativa “de abordar tanto o caráter utilitário quanto o monumental do crematório e proporcionar condições agradáveis de trabalho para os trabalhadores que realizam uma tarefa psicologicamente intensa”.
O conceito da proposta foi baseado nos antigos sepultamentos em mamoas, túmulos de montículos de terra, encontrados em locais de escavação históricos em toda a Grécia. O projeto, com 1.700m2 de construção, é praticamente invisível de seus arredores, cercado e coberto em três laterais por pequenas colinas de terra levemente inclinadas. O centro da proposta é marcado por um vazio, que inclui o pátio central da recepção e o “pátio de cremação”.
Os visitantes do complexo descem a suave encosta ao lado da face externa das colinas. A mesma rota, exceto no lado interno, é reservada para os carros funerários que levam o corpo do falecido para preparação do processo de cremação. Ao norte, três grandes portas dão acesso direto ao salão de cerimônias, à câmara de cremação e ao escritório de entrega de cinzas. A leste, na extremidade do átrio central, chega-se na recepção e aos escritórios da administração. Uma sequência de espelhos d’água acompanha as pessoas em luto pelo caminho do ritual, desde a grande entrada monumental até a cisterna interna do “pátio da cremação” e ao columbário interno. A “paisagem da lembrança”, acessível do amanhecer ao anoitecer, é uma área externa onde as cinzas podem ser enterradas ou espalhadas, e as cerimônias de recordação dos falecidos podem ser realizadas ao ar livre.
“O lado oeste do átrio central é fechado por blocos perfurados vazados que filtram a vista de e para a “paisagem da lembrança”. Trata-se de uma construção modular com câmaras de urna dos dois lados com vazios alternados entre elas, orientadas de maneira a permitir que a luz ocidental penetre profundamente no pátio, revelando seu piso de pedra em relevo. Sua ornamentação faz referência a decorações geométricas típicas da cerâmica grega arcaica, incorporando símbolos familiares a diferentes religiões e culturas. Queríamos que esse pavimento densamente decorado funcionasse como um elemento de consolo mental e alívio emocional para as famílias em luto”, explicam os arquitetos.
Fonte: Arch Daily