Associação de funerárias do DF afirma que faltam caixões para enterro social

Entidade alerta sobre possível ‘abandono de corpos’. Sedes afirma que situação deve ser normalizada em 15 dias.

 A Associação de Funerárias do Distrito Federal (Asfun-DF) afirma que tem encontrado dificuldades para garantir enterros sociais de pessoas de baixa renda na capital. Segundo a entidade, com o aumento de óbitos durante a pandemia do novo coronavírus, acabaram os caixões no estoque da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).

De acordo com a Asfun, desde o fim de junho, as funerárias têm doado urnas para realização desses sepultamentos. No início do mês, as empresas enviaram um ofício ao governo do DF alertando sobre uma possível situação de “abandono de corpos”.

Acionada pela reportagem, a Sedes confirmou que faltam caixões de alguns tamanhos para o enterro social, devido à grande demanda, e que está com edital aberto para aquisição de mais urnas. Ainda segundo a secretaria o serviço deve ser normalizado nos próximos 15 dias.

Enterro social

O enterro social é um benefício garantido a famílias com renda per capita de até meio salário mínimo, e que consiste na doação do material necessário para o sepultamento em caso de morte de um parente. Na capital, o serviço é realizado pela Sedes.

A Asfun afirma que, no início da pandemia, diante do estado de calamidade pública, propôs à pasta um acordo para prestar o serviço, com um custo de R$ 1,1 mil por enterro. Durante quatro meses, as empresas realizaram serviços de transporte funerário gratuitamente à Sedes.

No entanto, não houve a formalização da parceria com o governo do DF. Quando o estoque de caixões da pasta acabou, a Asfun afirma que chegou a doar o material mas, por fim, decidiu encerrar o acordo.

“No dia 27 [de junho] já acabaram as urnas, aí no dia 30 as urnas chegaram e a gente começou a fazer os nossos serviços, os serviços da Sedes com esses caixões que chegaram. Compramos 50 pela associação e depois foi usando as das funerárias que a gente pediu e tinha disponibilidade pra fazer”, afirma a presidente da associação, Tânia Batista.

A dirigente da entidade cita uma possibilidade de “colapso” por conta da falta dos caixões.

“Vai ter um colapso, [as salas de armazenamento de corpos dos] hospitais vão lotar porque, infelizmente, não tem onde armazenar. Vai ter superlotação.”

 Auxílio – Além das urnas, o serviço de enterro social também prevê transporte funerário, utilização de capela, pagamento de taxas e colocação de placa de identificação. Segundo a Sedes, quando o governo não pode oferecer algum desses itens, as famílias recebem um auxílio de R$ 415 para realizar o sepultamento.

A Asfun, porém, afirma que esse valor é insuficiente para custear o mínimo de R$ 1,1 mil de custos da urna funerária e do transporte do corpo para sepultamento.

“Em breve, teremos casos em Brasília de abandono de corpos, o que, além de desumano, constitui um grave problema sanitário.”

Fonte: G1