Trabalhadores de categorias que não pertencem à área da saúde e estão na linha de frente do combate à Covid-19 reclamaram das dificuldades para evitar a contaminação, como a falta de equipamentos de proteção e o risco do contágio durante o deslocamento para o local de trabalho. Também lamentaram a falta de prioridade a eles na testagem e na aplicação das futuras vacinas.
O tema foi discutido nesta terça-feira (18) em debate virtual promovido pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha ações de enfrentamento do novo coronavírus.
Representantes de diversos segmentos expuseram os problemas neste período de pandemia. Madalena Teixeira, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), citou grupos mais vulneráveis, como os trabalhadores do transporte coletivo, frigoríficos, domésticas, cuidadoras e os sepultadores.
O presidente da ABREDIF – Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, Lourival Panhozzi, relatou que pediu apoio ao governo para a compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e para a logística de transporte de urnas funerárias, mas não foi atendido. Mesmo assim, ele afirmou que as medidas de segurança adotadas pelo setor reduziram a contaminação dos empregados.
“Diminuímos o horário dos velórios e o número de pessoas dentro da sala, adotamos o uso de equipamentos e protocolos muito rígidos desde o momento da retirada do corpo do hospital”, explicou.
Outra área particularmente afetada foi a dos trabalhadores que lidam com lixo. Segundo Aline Silva, integrante do Movimento Nacional dos Catadores, em alguns locais os resíduos estão passando por uma espécie de “quarentena” antes da triagem.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes (Conascon), José Moacyr Pereira, destacou a distribuição de kits com máscaras e álcool em gel e afirmou que está mais vulnerável quem atua na limpeza urbana e nos hospitais.
“O pessoal da limpeza entra em UTI e tem contato direto com os pacientes, com médicos e enfermeiros. Então o risco de contrair o vírus é muito grande”.
Durante o debate, o procurador Renan Kalil, do Ministério Público do Trabalho, demonstrou preocupação com outra categoria: a dos entregadores de produtos e serviços adquiridos por meio de plataformas digitais. De acordo com ele, 60% desses profissionais estão trabalhando mais de nove horas por dia, 78% laboram entre seis e sete dias por semana e 60% disseram que os rendimentos caíram durante a pandemia.
Fiscalização – O coordenador de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério da Economia, Marcelo Naegele, ressaltou que as fiscalizações continuam sendo feitas mesmo de maneira remota, focalizando principalmente quatro itens: distanciamento, higienização, uso de EPIs e a triagem dos empregados em relação ao novo coronavírus.
“A gente exige muito que o empregador não permita que o trabalhador atue com sintomas ou doente. Isso é importantíssimo. Essa regra tem de estar muito clara.”
Reconhecimento – Autor do requerimento para a realização da audiência pública, o deputado Rodrigo Coelho (PSB-SC) agradeceu o empenho das categorias que estão na linha de frente da Covid-19.
“Ratifico aqui o nosso muito obrigado à dedicação de todos vocês e à exposição que vocês estão tendo, muitas vezes arriscando contaminar familiares ou se contaminarem, mas que não deixar faltar nada ao dia a dia das cidades Brasil afora”.
Fonte: O Bom da Noticia