O dia em que Benedito ficou em silêncio.
O cemitério ficou todo florido, eram centenas de coroas em sua homenagem, a cidade ficou calada, cadeiras foram colocadas na rua e até os relógios pararam. Ele era de todos conhecido, por todos amado.
Com o cortejo em curso, surgiu no céu um pequeno avião, insistia ele em abrir passagem e com seus rasantes, mostrava o caminho, como que dizendo: É para o céu, é para o céu que devem levá-lo.
E ele foi. Seguiu rumo ao céu, deixando ali uma última lembrança de sua passagem neste plano, guardada em uma sepultura, vigiada por todos nós até o seu fechamento.
Assim meus olhos enxergaram hoje as homenagens ao Benedito, ninguém mais que o Dito. Simplesmente o mais querido dos fabricantes de ataúde do Brasil.
No encerramento nosso setor o homenageou, com poucas palavras mas muito sentimento, lembrando porque Dito estava em silêncio. Lembrando a lenda indígena que diz:
“Se você se sentar à beira do amanhecer, o sol nascerá para você.
Se você se sentar à beira da noite, as estrelas brilharão para você.
Se você se sentar as margens de um rio, o rouxinol cantará para você.
Se você se sentar à beira do silêncio, Deus falará com você.”
Dito estava no mais completo silêncio, nós lá no cemiterio também ficamos por uns instantes, alguns até puderam ouvir ou sentir o que Deus lhe dizia, dizia Ele a Benedito: Filho acalme-se, você agora está comigo.
É nisto que acredito. É isto que hoje vivi e vi.
Lourival Panhozzi