Em outubro, depois de denúncias anônimas, a polícia e o ministério público do DF deflagraram a Operação Caronte, que investiga um possível esquema criminoso entre as funerárias locais.
Na primeira fase, foi apurado que empresas irregulares cobravam para “agilizar documentos e funerais” e extorquiam familiares de pessoas falecidas. O esquema incluía policiais, empresários e agentes do IML.
Agora em novembro a Polícia Civil do Distrito Federal apreendeu 37 rádios de telecomunicação em uma loja no Cruzeiro durante a segunda fase da operação Caronte. Segundo as investigações, os equipamentos já estavam sintonizados na frequência da polícia e seriam vendidos para funerárias identificarem casos de mortes naturais, de olho em novos clientes.
De acordo com a corporação, os rádios ficavam dentro dos carros de funerárias ou com “papa-defuntos” — responsáveis por intermediar o contato entre a família do morto e as funerárias.
O inquérito sobre a máfia das funerárias começou após a polícia revelar a cobrança de até R$ 8 mil por atestados de óbitos – sendo que o serviço é gratuito – com a participação de pessoas que fingiam ser do Instituto Médico Legal (IML).
Os policiais já cumpriram 21 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva (quando o alvo é levado a depor). Entre os que prestaram depoimento estão o dono da loja de rádios e proprietários de 16 funerárias.
Outro depoimento foi de um policial civil aposentado há mais de 15 anos, suspeito de fornecer a frequência do sinal do IML para as funerárias. Segundo a polícia, todos negaram os crimes.
Segunda fase – Esta segunda fase da Operação Caronte surgiu como consequência de depoimentos de testemunhas e documentos apreendidos na primeira, que ocorreu no fim de outubro. Enquanto na primeira etapa, foi apontado um esquema organizado, nesta segunda, a polícia fala em ações independentes.
Segundo o delegado Marcelo Zago, da Corregedoria da Polícia Civil, as funerárias onde houve buscas nesta sexta são regulares — ou seja, credenciadas pelo GDF. Mas os depoimentos são fundamentais para a investigação.
Funerárias clandestinas – Segundo os responsáveis pelas investigações, as próximas fases da operação irão focar no mercado das funerárias clandestinas. São estabelecimentos que funcionam em fundo de quintal ou em salas alugadas e fazem serviço funerário sem qualquer preocupação sanitária.
Fonte: G1 DF