Em Portugal funerárias temem ruptura do sistema

“Estamos há cinco ou seis dias com quase 600 óbitos por dia”, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Lutuosas, em Portugal. O pico de óbitos está abalando o setor funerário, que deve registrar falta de atendimento ainda nesta semana.

Segundo Carlos Almeida não é possível aumentar o número de cremações, sob risco de acontecer o que aconteceu, em Milão, durante a primeira onda: “Deixaram de respeitar a cadência da máquina, e usaram a câmara de maneira contínua (a máquina que não consegue resistir a esse esforço) e depois não temos crematório, o que é pior”.

Almeida diz que já há cadáveres em salas refrigeradas a uma temperatura não ideal. “Se não há escoamento, não conseguimos organizar as coisas antes de 48 a 72 horas, neste momento, temos de aumentar a capacidade da câmara fria”, defendeu.

Além do aumento das mortes por Covid-19, o que que está contribuindo para o crescimento dos óbitos é o frio, acima do normal para o inverno português.

A situação acontece em todo o país, assegurou Carlos Almeida: “Se nas grandes cidades há mais habitantes, há hospitais maiores, também há mais capacidade funerária, mas tudo é proporcional”, sustentou.

“Se de fato a situação não melhorar, a solução seria os hospitais se prepararem para armazenar os corpos adequadamente. “As funerárias já estão trabalhando agilmente para a brevidade necessária para que se articule uma cerimónia fúnebre”, disse.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou na sexta-feira que as mortes associadas à doença covid-19 representaram 52% do excesso de mortalidade verificado em Portugal entre março e dezembro.

Segundo o boletim do INE sobre mortalidade em contexto de pandemia, desde 02 de março – data do primeiro caso diagnosticado de infeção com o novo coronavírus em Portugal – até 27 de dezembro, morreram 99.356 pessoas, um aumento de 12.852 mortes em relação à média dos mesmos meses nos anos de 2015 a 2019.

Isolamento obrigatório – O Governo adotou  duras medidas restritivas de confinamento para tentar conter a contaminação. o “Lockdown” começa dia 15/01 e deve durar 15 dias. Ficam abertos serviços essenciais e escolas.

Portugal já iniciou a vacinação contra o Coronavirus e cerca de 100 mil habitantes receberam a imunização, o que corresponde a aproximadamente 0,5% da população do país.

Fonte: Diário de Notícias – PT/ O Observador