A proximidade do fim do ano estimula em muitas pessoas o desejo de exercer a solidariedade com o próximo. O sentimento, responsável por mover a sociedade em prol de um bem comum, também tem sua importância quando se trata de ajudar pessoas enlutadas a lidar com a dor. “Em muitos casos, um trabalho social pode vir a trazer um novo sentido para a vida da pessoa”, revela a psicóloga do luto do Morada da Paz, Mariana Simonetti.
Segundo a psicóloga, em muitos casos, a morte daquele companheiro ou amigo faz com que a pessoa tenha sua vida abalada porque muitos planos costumavam levar em conta a participação do falecido. É nesse sentido que uma atividade voltada para o social pode ajudar essa vida a voltar aos eixos. No entanto, conforme explica Mariana, é preciso que a iniciativa venha da própria pessoa, para que o trabalho social não se transforme em um transtorno.
“A pessoa que nunca fez trabalho social na vida, e que não se interessa muito pela causa, pode inclusive ter seu processo de luto atrapalhado por ver esse engajamento muito mais como uma obrigação”, ressalta a psicóloga. “Vai depender bastante do luto e da pessoa. Algumas, por exemplo, optam por uma atividade social que tenha a ver com a causa da morte de seu ente querido”, completa Mariana, citando o caso em que uma mãe que perdeu um filho com câncer passe a se dedicar a alguma instituição que trate crianças com a mesma doença.
No País, muitas iniciativas podem ser citadas, a exemplo da Sociedade Viva Cazuza e da ONG Viva Rachid, que atendem crianças e adolescentes portadores do vírus da AIDS; e a União de Mães de Anjos (UMA), para aquelas atingidas pela microcefalia. “Às vezes, a causa da morte do ente querido já serve para impulsionar a pessoa a escolher essa ou outra atividade solidária. O que a gente precisa fazer, tanto no engajamento como na escolha da causa, é deixar a pessoa à vontade”, afirma Mariana Simonetti. “Havendo a abertura para isso, pode-se dar uma sugestão de atividade e ficar aberto para ouvir a pessoa”, completa a psicóloga.
Luto de fim de ano – Mariana Simonetti explica que, por ser um processo muito individual, o luto nem sempre acontece da mesma forma para todo mundo. Mas é comum que as datas comemorativas atuem como gatilho para deixar a pessoa mais melancólica por conta do significado que elas trazem. “O fim do ano e o Natal são datas bem marcantes, pois dão a ideia de confraternização, de as pessoas estarem juntas. Então, é comum que a falta do ente querido fique mais evidente nesses momentos”, explica a psicóloga do luto do Morada da Paz. “É por isso que esse período acaba contribuindo para deixar a sensação de luto maior, porque a falta da pessoa que se foi fica mais evidenciada ainda”, conclui Mariana Simonetti.
Anderson Lima – Brava Comunicação