Arte funerária na região de imigração alemã é tema de exposição

A arte da cantaria em pedra nas lápides dos cemitérios da região de imigração alemã da antiga colônia de São Leopoldo foi alvo de projeto de pesquisa e documentação desenvolvido pela arquiteta de Dois Irmãos – RS, Ingrid Arandt.

Cantaria é a arte de talhar blocos de rocha bruta de forma a constituir sólidos geométricos, normalmente paralelepípedos, de variável complexidade, para utilização na construção de edifícios ou de muros. No caso aqui, lápides de cemitérios.

O projeto tem financiamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Fundo de Apoio à Cultura e propõe uma estratégia para a preservação do patrimônio, por meio de uma exposição itinerante de fotografias das esculturas em pedra nas lápides de Jacob Schmitt, uma oficina de desenho de observação das lápides e seus elementos escultóricos e o lançamento de um catálogo com informações para a visita guiada aos cemitérios de Sapiranga, Dois Irmãos e Picada São Paulo (Morro Reuter).

A exposição itinerante começa neste fim de semana (01/06) no Espaço Cultural Antiga Matriz, em Dois Irmãos e permanece até 08/06, depois visita outras localidades no município.

Arte funerária – Apesar de parecer inusitada, a arte cemiterial, também conhecida como arte funerária ou arte fúnebre, é tema de interesse e está associada ao turismo cemiterial –  sendo comum encontrar trabalhos de artistas famosos em lápides, túmulos e mausoléus de cemitérios mais antigos, com obras arquitetônicas e esculturais de valor histórico e artístico.

A exemplo disso, vários cemitérios europeus já são referências turísticas pelo mundo afora, e visitações guiadas são comuns. No Brasil, cemitérios do Rio de Janeiro e São Paulo já contam com programas de visitas guiadas por conta de seu patrimônio e em Porto Alegre também é frequente a organização de tours guiados, a fim de contemplação da arte funerária.

Jakob Schmitt –  é o mestre-artífice da cantaria que deu origem ao projeto, em decorrência da obra de restauro da Lápide dos Combatentes aos Mucker, em Sapiranga – RS. “Durante o restauro, descobrimos a assinatura do artífice na lápide dos combatentes e verificamos que ela estava presente em outras lápides de cemitérios da região. Na pesquisa realizada por meio do projeto, evidenciou-se que Jakob Schmitt era um detentor do saber-fazer da cantoria tradicional e, pela quantidade de trabalhos encontrados durante a pesquisa, foi artífice reconhecido e muito solicitado na região, em sua época”, explicou Arandt.

O artista nasceu em 1848 em Zell Merl na Alemanha, imigrou em 1871 ao Brasil e provavelmente estabeleceu-se em Dois Irmãos/RS.

Três anos após a sua chegada, já realizou uma de suas grandes obras na arte funerária, que foi o Túmulo dos Colonos da Batalha dos Mucker. Casou-se em 1875 com Catharina Löblein na Igreja de São Miguel, cuja torre foi construída por Jacó Schmitt, em 1877.

FONTE: REVISTA NEWS