Cada qual a seu modo, toda cultura celebra seus mortos. Os guatemaltecos acreditam na vida após a morte e, portanto, seus cemitérios são alegres e festivos
Quando falamos em cemitério, a primeira coisa que nos vem nos vem à cabeça é um lugar sóbrio, nas cores do concreto, bronze ou mármore ou, mais modernamente no Brasil, um grande parque ajardinado.
De fato, esses tipos de cemitérios estão tão enraizados na nossa mente que fica difícil conceber algo muito diferente. Mas existe! De várias formas e, já que estamos às portas da festa mais popular no Brasil: o Carnaval, como suas cores, sua alegria e seu brilho, vamos falar dos cemitérios coloridos da Guatemala.
O país da América Central fica ao sul do México e foi originalmente povoado pelo povo Maia. Após a colonização espanhola muito se manteve das milenares e ricas tradições ancestrais.
Não se sabe bem qual a origem do costume, mas na cultura da Guatemala, assim como outros países da América Central, a vida após a morte costuma ser muito celebrada, de modo que esse aspecto cultural pode ser facilmente notado nos cemitérios. Espalhados por todo o país, principalmente no interior, existem cemitérios que exibem lápides pintadas da maneira mais colorida e chamativa possível.
Amigos e familiares costumam pintar as sepulturas usando a cor favorita dos que partiram, como uma forma de honrar, homenagear e recordar as boas lembranças dos falecidos. Curiosamente, alguns desses cemitérios, acabaram se tornando atrações turísticas.
No “Dia de Todos os Santos”, celebrado no dia 1 de novembro, os cemitérios de todo o país se tornam o palco principal para a realização de rituais e orações para aqueles que já se foram. Os moradores locais, diferentemente dos povos de outras partes do mundo, abandonam o preto e se vestem com roupas coloridas para ir até o cemitério com o objetivo de passar o dia limpando e cuidando das sepulturas dos falecidos, decorando-as com flores e fazendo piqueniques ao lado de seus familiares mortos.
Céu Colorido – Outra tradição é a elaboração de pipas gigantes com cores vibrantes que voam nos arredores do cemitério. Os moradores acreditam que ao soltar pipas com mensagens escritas sobre elas, podem se comunicar com os mortos. Os desenhos de cores vibrantes das pipas, feitas de pano e papel com estrutura de bambu retratam temas religiosos ou folclóricos.
Nos municípios de Santiago Sacatepéquez e Sumpango, há todo um ritual para a confecção dessas pipas, que começa cerca de 40 dias antes do feriado do dia primeiro de novembro, onde os homens solteiros partem para o litoral às quatro horas da manha para recolher o bambu que servirá de estruturas nas pipas. Todo o material utilizado nela vem da natureza; a cola é uma mistura de flor de mandioca, casca de limão e água, as cordas são feitas da planta agave, a mesma que é feita a tequila. O costume de soltar pipas coloridas já vem de 3.000 anos atrás e é reconhecido por várias igrejas do país.
Fonte: R7/Tricurioso