João Geraldo Roveri, 65, era figura conhecida de Mirandópolis (SP), município com menos de 30 mil habitantes
Sua voz anunciava enterros e eventos festivos em caixas de som na cidade.
JG, como era chamado por amigos, decidiu unir as suas duas funções ao fazer o próprio anúncio póstumo, convidando para o seu velório, que deveria ser celebrado como uma festa ao redor de seu corpo – que queria coberto por tampas de cerveja que coletou ao longo dos últimos anos. O tal convite ecoou no município com a voz do homem, assustando alguns, no dia 02/04.
O anúncio foi gravado em 2015 e mostrado, na época, a familiares em tom de “brincadeira com fundo de verdade”. Um ataque cardíaco fulminante deu “seriedade” ao áudio, tocado oficialmente pelas ruas de Mirandópolis um dia antes de seu sepultamento.
Nota de falecimento. Faleceu nesta cidade este que vos fala. Aguardo a sua presença no velório municipal para os nossos últimos contatos. Favor levar drinks e quitutes. E atenção, caso não possa ir, venho lhe buscar.
O áudio vem acompanhado da música “Amigo do Sol, amigo da Lua”, de Benito Di Paula
Até mesmo o coveiro do cemitério municipal se surpreendeu com a morte repentina do mirandopolense. “Na hora que eu fui tratar com ele do enterro, falei que era meu irmão que estava sendo sepultado ele me falou ‘O João Geraldo? Não acredito”. Ele tinha um bom relacionamento com todos, desde as pessoas mais humildes até os que tinham cargos mais altos”, relembra.
O desejo dos quitutes e drinks não pôde ser concretizado por causa das condições sanitárias do velório público, mas outra vontade de João Geraldo foi cumprida pelos familiares: no lugar de rosas, o caixão do boêmio foi ornado com tampinhas de cerveja, juntadas por ele em vida.
Em Botucatu – a voz que anunciava os funerais também se calou.
Morreu no dia 04 de abril, o locutor Wenceslau Pinto Filho, mais conhecido com Lau ou Lau Som.
Aos 78 anos, Lau era uma das vozes mais conhecidas e populares de Botucatu. Ele ganhou fama ao anunciar em carro de som pelas ruas os falecimentos na cidade.
O serviço, criado pelo pai de Lau em 1953 foi único em todo o interior por muito tempo, se tornando uma peculiaridade do município. Herdado, o trabalho em carro de som para Lau começo em 1984.
“Nesses 38 anos, meu pai deve ter lido mais de 70 mil notas de falecimento. Ele amava esse trabalho. Ele anotava todas as notinhas em um rascunho.”, contou uma das filhas.
Em uma entrevista para um programa local em 2017, o locutor também anunciou a sua própria morte: “Faleceu hoje eu, eu mesmo, Wenceslau Pinto Filho, conhecido por Lau Som”, brincou.
Seu trabalho continuará sendo feito pela família.
Leia na Revista Diretor Funerário de Maio