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TAXA DE MORTALIDADE
Apesar de todas as invencionices da humanidade, a taxa de mortalidade permanece em 100% da população, mesmo assim, “perdemos a intimidade que tivemos” com o processo de morrer, em vez de morrer em nossas casas, ao lado da família e com pessoas que amamos a nossa volta, agora morremos em ambulâncias e salas de emergência, em unidades de terapia intensiva, com nossos amados separados de nós pela maquinaria de preservação da vida, manipuladas por estranhos que não podem ser reconhecidos, porque estão sempre com uma máscara e touca higiênica, tudo isto por um punhado de horas a mais, horas imprestáveis, já que não poderão ser usadas para o prazer, nem engrandecer.
Todos concordam que devemos buscar apoio e tratamento médico, que se deve sempre lutar pela vida, não é esta a questão aqui abordada, o que levantamos é o limite, que devemos nos impor, ao prolongamento da nossa existência e não da vida, existir por medo de morrer não é viver, tendo uma doença terminal ou mesmo sendo saudável.
A taxa de mortalidade é de 100% por uma única razão, para que possamos, sem medo e com temor, ter plena consciência da nossa responsabilidade diante do dom da vida, para desta forma poder viver 100% de todas sensações e experiências possíveis, e assim nos preparar para morrer bem, vivendo plenamente, independentemente de qualquer limitação que nos seja imposta no caminho.
Se podemos escolher como viver, podemos e devemos também escolher como morrer, mas tem que ser na hora certa, aquela que nosso destino nos reservou, o momento não é uma opção nossa, mas estar onde queremos e ao lado de quem amamos é, e pode ser a diferença, entre “ir embora” no silêncio de um lugar estranho, ou partir, tendo a oportunidade de se despedir de todos, com um abraço Fraternal ou um aperto de mão acalentador, em um lugar amistoso.
Se estou dentro do 100% do índice, se não posso escapar nem me enganar, que pelo menos tenha eu o direito de, me entregar acompanhando de quem amo, e não capturado, levado imobilizado e acorrentado a um leito que não é meu.
Um bem morrer a todos é o que eu desejo, porque sei que, morre bem quem melhor viveu.
Lourival Panhozzi