O Mestre disse: “quando seus pais estão vivos, obedeça aos ritos ao servi-los; quando eles morrerem, obedeça aos ritos ao enterrá-los”
Me assusta a indiferença que alguns demonstram na hora final de seus pais.
Vida de funerário: Dois irmãos chegaram para tratar o funeral da mãe, o relógio marcava 15 horas, quando perguntei a hora que havia ocorrido óbito, me informam 16:00 hs, tentei corrigi-los, dizendo que não era possível, pois ainda era 15:00 hs, me disseram então que o óbito havia ocorrido as 16:00 hs do dia anterior. Mesmo eles tendo sido avisados quase que imediatamente, só compareceram 23 hs depois. Esta não foi a primeira surpresa. Contrataram o serviço mais simples e 5 minutos depois que abrimos a urna para as homenagens, pediram par a fechar e solicitaram o sepultamento, ato contínuo, se dirigiram ao carro importado de luxo e reluzente que os aguardava e partiram, sem ao menos acompanharem o sepultamento.
“Tanto carinho” não me passou por despercebido, mas por respeito a minha profissão/missão, nada disse aos amorosos filhos, aliás, quase os agradeço, por me demonstrarem, em sentido inverso, o quanto é importante observar os ritos, pois quando destes nos afastamos, nas sombras gélidas ficamos.
O corpo inerte pode não guardar mais a alma que dele se desprendeu para seguir sua evolução, mas é ainda o símbolo e o elo que liga, não só as lembranças, como também o sentimentos de respeito, reconhecimento e gratidão, deve então ser tratado, a luz dos ritos, com a mesma reverência que desfrutava quando vivo.
Fraternal abraço a todos.
Lourival Panhozzi – Diretor Funerário