Alô, Voinho …..

Me chamo Lourival Panhozzi, do meu lado esquerdo (direto da foto) está o Mestre Funerário Marinho, no centro nosso irmão funerário Voinho, e hoje pedimos licença ao grupo para conversar um pouco com ele.

Oi Voinho.

Segunda-feira agora, dia 09 de setembro, é o dia do ano que marca o momento que você se adiantou de nós (2 anos). Zeloso e cuidadoso que sempre foi com os seus, não tenho dúvida que tem trabalhado muito na preparação da nossa chegada, cada dia mais próxima. Nem preciso te dizer, que nossa luta aqui pela valorização da categoria, continua. Mudaram os batedores, mas tem ainda muitos a combater, já deu pra perceber que quando encerramos uma batalha, outra se inicia. A história sem fim tem uma finalidade: nos lapidar, tirar de nós toda vaidade e revelar o brilho da verdade que pode nos conduzir ao TODO.

Deixa te contar: fui tentar um dia destes levar uma palavra de consolo pra Voinha, passei vergonha, sentado lá na cozinha, na mesma mesa onde tomávamos café antes de partirmos em mais uma viagem. Eu só conseguia chorar, mal dava pra engolir os doces que ela me servia. No final era ela, aquela guerreira, que continua do seu lado, que me amparava. Voltei pra casa vencido, mas feliz por saber que ela está facada em manter a família unida e a empresa em pé, a mesma bandeira que você ostentou por tantos anos.

Voinho, esta você vai adorar: me encontrei com sua neta em uma reunião do setor. Toda interessada e cheia de brilho e energia, com vontade de fazer e aprender. Ela que foi dirigindo! Bem dizem que “os bons frutos não caem longe do pé”, ela me fez lembrar das nossas primeiras viagens, quando saíamos quase que sem dinheiro pra conseguir voltar, mas nunca sem carregar no bojo a vibração e vontade de mudar o mundo. Não conseguimos mudá-lo, pelo menos não totalmente, mas me orgulho de nós não termos mudado nossos princípios e crenças.

Estes dias estava me lembrando de quando eu, você e Marinho entrávamos em loja de cosméticos abraçados e buscávamos produtos para maquiar os corpos …você sempre me dizia: as vendedoras devem pensar que somos três bixas. Riamos muito!

Mas se tem uma coisa que você nos ensinou foi nunca ter medo da opinião preconceituosa dos outros, de sempre defender o que acreditávamos, éramos e somos. Foi assim que nasceu a frase: “Eu tenho orgulho de ser Diretor Funerário”.

Com você Voinho, fomos até o cemitério. Alguém, um dia, irá nos levar até lá também. Lutamos pra poder levar no peito o mesmo sentimento e entusiasmo das nossas primeiras viagens, nossos corpos envelhecem cada dia mais rápido, acho que é porque nossas almas sugam suas energias, para na passagem encontrarem, mais rapidamente, o portal que possibilite o reencontro.

Voinho, pai, irmão, amigo de todas as horas, sinto falta de sua voz, de te ouvir cantarolar, pra não me deixar dormir na estrada, aquelas modinhas antigas que só você conhecia a letra. Hoje quando viajo sozinho nas madrugadas e “como uma faixa da pista”, digo logo: canta Voinho, pra eu não dormir, assim tenho conseguido chegar.

Nos espera Voinho. Não se adiante tanto. Vamos juntos o resto desta viagem.

Segunda feira vou visitar seu túmulo, a gente se encontra lá. Preciso te contar um segredo.

Bj