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Mortes causadas pelas chuvas em Pernambuco deixam população enlutada

Comoção causada por mortes em tragédias é natural, diz psicóloga especialista em luto, do Morada da Paz

Desde a última semana de maio, a Região Metropolitana do Recife e a Zona da Mata de Pernambuco vem sendo castigadas por fortes chuvas que causaram deslizamentos de barreiras e inundações, deixando famílias inteiras devastadas. Dados divulgados pelo Governo do Estado apontam para mais de 120 vidas perdidas, três pessoas ainda desaparecidas e mais de 7 mil desabrigados. Tragédias como essas geram uma grande comoção em torno dos fatos. Publicações, homenagens e notícias sobre o acontecimento fortalecem a sensação de luto coletivo na sociedade.

A psicóloga do luto do Morada da Paz, Simone Lira, diz que o sentimento de luto coletivo traz uma sensibilidade diante da dor do outro, ainda que não tenhamos tanta aproximação ou não conhecemos diretamente as pessoas afetadas. “A dor do outro, inclusive, convoca cada um a olhar para suas próprias dores. Essa sensibilização é importante também porque muitos lutos e dores reprimidas, por não serem autorizadas socialmente, podem ser vividas nesse momento em que há o luto coletivo”, explica.

Muitas reflexões passam a existir sobre o processo de finitude quando as pessoas olham o que acontece com o outro. “Isso é importante porque os cidadãos vão ressignificar as questões que têm diante da morte. Esse processo de luto também se faz importante porque é um suporte social para as pessoas que estão envolvidas nessa tragédia”, afirma.

A morte por tragédia possui características semelhantes ao sentimento advindo de uma situação de morte natural, por exemplo, mas se difere por pegar entes queridos de surpresa. “Por se tratar de um tipo de morte mais chocante, o luto advindo de uma tragédia vem com um peso maior pois, além da perda do vínculo, os parentes e amigos próximos são surpreendidos. Na morte natural, as pessoas se preparam mais, vivem o que chamamos de luto antecipado”, diferencia.

Partindo do pressuposto que os vínculos cultivados nos círculos de convivência não se encerram com a morte, o conselho da psicóloga do luto é adaptação ao momento. “Antigamente falávamos muito sobre a superação do luto, mas hoje a ideia ressignificar. É preciso dar um novo significado ao vínculo. Não existe uma receita de como fazer isso, mas um bom início é aceitar o luto”, recomenda.

Simône acrescenta ainda que, por vezes, as pessoas têm receio dos sentimentos do luto, pois acreditam que poderão até entrar em depressão por causa disso e acabam potencializando a dor. “Aceitar o luto como um processo natural, que é doloroso, angustiante, sofrido e que traz saudade, pode dar um novo sentido para o momento e resultar em um luto mais tranquilo”, diz.

A orientação para as pessoas que estão passando por esse momento de dor é buscar uma rede de apoio e nela tentar vivenciar o luto, dentro do que é possível nesse momento de crise. “Fazendo o que é necessário, que são as decisões que precisam ser tomadas nesse processo de se refazer diante da crise. É importante buscar ajuda naqueles que podem ajudá-los, inclusive os psicólogos”, finaliza.

Fonte: COBOGÓ COMUNICAÇÃO

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