A estudante de jornalismo Rebecka Carmo, 24, ficou presa dentro do cemitério Nossa Senhora da Piedade, no bairro Trapiche da Barra, periferia de Maceió (AL)
A estudante contou que entrou no cemitério por volta das 16h20, na companhia de uma amiga e um amigo, para mostrar-lhes o túmulo da “Mulher da Capa Preta”. Depois, deram uma volta para observar os demais jazigos. Na saída, às 16h55, os três se depararam com o portão do cemitério fechado.
“Quando entramos, o coveiro estava sentado na porta da igreja e deduzimos que ele tivesse nos visto. Quando fomos sair já estava fechado, antes das 17h. Começamos a gritar e ninguém apareceu“, disse Rebecka Carmo.
Antes de acionar o Corpo de Bombeiros, colegas da estudante, que estavam em uma feira próximo ao cemitério, trouxeram uma cadeira para ajudá-la a pular o muro, mas a construção é inclinada e com espetos. Ela não conseguiu e telefonou para a polícia.
“Me passaram um número da secretaria responsável pelo cemitério, mas a ligação não completava. O que restou foi ligar para os bombeiros, pois eu não ia poder dormir ali. Como o pessoal estava rindo muito da situação, eu liguei de novo porque poderiam ter achado que era trote, mas veio uma equipe com quatro bombeiros“, contou a estudante.
Enquanto ela esperava o resgate, os dois amigos de Carmo conseguiram sair pelas brechas do portão, com ajuda de outras pessoas. Ela disse que não sentiu medo, pois a todo o momento ficou na companhia dos amigos, do lado de fora, e outras pessoas que ficaram na calçada esperando a finalização do caso.
Uma hora depois, quatro bombeiros chegaram. Um pulou o muro para tentar tirar a estudante, mas depois a equipe decidiu que a maneira mais segura seria quebrar o cadeado da corrente que fechava o portão do cemitério.
Rebecka Carmo disse que não pretende acionar a Justiça. “Como eu fui sair perto da hora de fechar, o responsável deve ter pensando que não havia mais ninguém no cemitério e acabou não passando de um mal-entendido”, afirmou.
A Sudes (Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável), responsável pela gestão dos cemitérios públicos da capital, disse que os portões dos cemitérios são fechados às 17h, quando se encerra o expediente administrativo, e que os visitantes são orientados a deixar o local neste horário.
“Antes do fechamento dos portões, fiscais verificam se há visitantes para que sejam retirados. Após o caso registrado no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, a Sudes reforçou a orientação aos fiscais e deve fixar novos avisos para evitar este tipo de ocorrência“, disse.
A lenda – O túmulo da Mulher da Capa Preta é famoso pela lenda urbana sobre sua construção. O local tem uma cruz com uma capa por cima, feitas em mármore preto, que podem ser referência à cruz e ao manto sagrado de Jesus Cristo. No local há três lápides, uma no nome de Carolina Sampaio Marques, falecida em 22 de novembro de 1921, e de dois homens da mesma família.
Mas, a lenda maceioense é que um rapaz conheceu uma jovem mulher durante um baile de carnaval, dançou a noite toda com ela, e chegando perto da meia-noite, ela se despediu. Como estava chovendo, o rapaz se colocou à disposição para levá-la em casa. Para proteger a jovem da chuva, cobriu a jovem com uma capa que tinha levado para o baile.
Segundo a lenda, o casal saiu a pé pelas ruas e quando chegou perto do cemitério, a jovem disse que ele não poderia passar dali. Forneceu o endereço dela para que ele fosse, no dia seguinte, buscar a capa. Mas, ao chegar à casa da moça, a mãe dela informou que a filha havia falecido já fazia alguns anos.
O rapaz ficou sem acreditar. Parentes da jovem levaram o rapaz ao cemitério para mostrar o túmulo com o nome dela na lápide e teriam encontrado a capa em cima do túmulo. Uma réplica da cruz coberta com a capa, que está no local, teria sido construída em respeito à memória da moça.
Fonte: UOL