Uma funerária do Arizona, nos Estados Unidos (EUA), teria sido contaminada com radiação, após a cremação de um paciente com câncer que recebeu tratamento de radioterapia.
A conclusão é de um estudo, publicado no Journal of American Medical Association, sobre o caso de um homem de 69 anos, vitima de um tumor raro no pâncreas e que recebeu tratamento de radioterapia por via intravenosa.
Dois dias depois de uma das sessões, o paciente faleceu num hospital que não era aquele onde estava sendo tratado. Por isso, a funerária não foi informada sobre a terapia medicamentosa e cremou o corpo em 5 dias.
De acordo com o estudo, embora os materiais radioativos tenham uma variedade de usos na medicina – tanto para diagnóstico como para tratamento -, o que fazer com o corpo depois da morte do paciente é um assunto negligenciado e um problema para o qual não existem regulamentações específicas.
A exposição à radiação após a cremação de um paciente que recebeu esse tipo de tratamento é especialmente importante nos EUA, onde a taxa deste tipo de serviço fúnebre é superior a 50%.
Assim que o caso foi descoberto, os investigadores questionaram o Departamento de Controle de Radiação do Arizona sobre as regulamentações para essas situações, tendo verificado que as mesmas não existiam. Depois de terem conhecimento do caso, representantes da instituição foram enviados para inspecionar o crematório.
Os resultados dos testes mostraram que a taxa de radiação no crematório era “quase 200 vezes superior à radiação média experimentada por seres humanos que vivem no nível do mar”, com a ressalva de que a exposição à radiação diminui rapidamente com a distância, de modo que o funcionário não poderia receber esse nível de exposição apenas por estar na sala.
Além disso, esse tipo de material radioativo decompõe-se ao longo do tempo, em dois meses teriam desaparecido.
O estudo também concluiu que nenhum funcionário do local foi “contaminado”.
A Associação Nacional de Diretores Funerários (NFDA) informou que um dos seus princípios é garantir que os funcionários dos crematórios tenham as informações necessárias sobre o falecido, para conduzir a cremação com segurança. Aos mesmos, devem ser facultados, por exemplo, dados sobre a existência dispositivos ou implantes radioativos.
A NFDA frisou que o estudo relata apenas um único caso, e que, antes da cremação, nenhuma notificação de tratamento de Câncer foi fornecida ao operador do crematório.
Contudo, segundo um estudo publicado no Journal of Applied Clinical Medical Physics, em 2001, esta não é a primeira vez que pacientes submetidos a tratamento de radioterapia libertam radiação residual. Ainda assim, não é necessariamente representativo de um padrão, esclareceram os investigadores da Clínica Mayo.