Não existem limites para o luto virtual: às vezes, o falecido e seus entes queridos sofrem assédio, e tem até quem queira enterrar a si próprio antes da hora.
“Câncer”, “parada cardíaca “, “enforcamento”. Estas são algumas das curtas descrições nas redes sociais de russos mortos de todas as idades, os chamados “cemitérios virtuais”. Ali figuram desde mulheres idosas até um colegiais empunhando seus iPhones.
Sob cada foto há uma “certidão de óbito” – notas retiradas da imprensa ou mensagens de parentes ou amigos. E sob cada post há pelo menos dez curtidas e comentários que vão desde “Sofreremos, você se foi muito cedo” até “dane-se!”.
As mensagens de luto são intercaladas com um pouco de publicidade alegre – outros usuários anunciam serviços de desenho de retrato a partir da foto e lojas on-line vendem roupas de cama ou ajudam a quitar empréstimos.
É assim um “cemitério virtual” na popular rede social russa Vk.com – o “Facebook russo”. Existem dezenas de comunidades, e uma dos mais populares tem mais de 300.000 membros.
Não se sabe quem inventou a ideia de criar cemitérios on-line. Todos os administradores dessas páginas – na maioria, jovens com menos de 25 anos – confessam se interessar pelo tema “romântico” da morte depois de ver comunidades semelhantes na rede social.
O engenheiro Rasul, de 20 anos, da pequena cidade cazaque de Kokshetau, criou um desses cemitérios virtuais há três anos, quando ainda estava na faculdade. Hoje, a página tem 172.000 seguidores. Inicialmente, ele estava apenas interessado em descobrir como e por que as pessoas morrem na Rússia.
Fonte: Russian Beyond