Todo mundo sente saudade de alguém ou de algo que foi muito importante. Uma viagem, os amigos de antigamente, um pet, um emprego que já não existe mais, momentos marcantes e, especialmente, de pessoas especiais que já não estão mais por aqui. E o dia 30 de janeiro é dedicado a essa memória, quando celebramos o Dia da Saudade, que traz recordações de parentes e amigos falecidos, como também as lembranças de tempos bons vividos.
De acordo com a psicóloga especialista em luto do Cemitério e Crematório Morada da Paz, Simône Lira, esse sentimento, que pode trazer tanto conforto como tristeza, vem da sensação de ausência de alguém que foi muito importante para nós ou de uma experiência marcante.
“Quando a gente fala sobre a perda de um ente querido, não podemos esquecer da história e do vínculo que foi rompido diante da morte, além da impossibilidade de reviver tudo de forma concreta. Como sentir aquele abraço e aquele cheiro novamente, ficando apenas as lembranças dos momentos vividos “, observa.
Apesar de ser um sentimento natural, a intensidade do sentir saudade e o modo como isso se articula na vida das pessoas podem ser sinalizadores de possíveis problemas. Quando a saudade paralisa e mantém o outro aprisionado nas memórias e na dor que evoca quando a saudade vem, é fundamental cuidar desses sentimentos e talvez buscar ajuda profissional para melhor compreendê-los.
Para que esse sentimento não se torne prejudicial para a vida dos enlutados, cada um deve encontrar formas de amenizar a saudade, pois não há como mudar a situação de morte. “Diante da saudade o que a pessoa sente que amenizaria ou que poderia ser um afago? Tem pessoas que quando a saudade aperta fazem coisas que faziam com o ente querido que partiu. Já outras buscam a espiritualidade neste momento. Não dá para a gente ter uma receita em relação a isso. Buscar maneiras de amenizar a saudade é um caminho para que ela seja saudável”, destaca Simône Lira.
Produzir um livro para homenagear a memória do seu irmão Raphael, que partiu em janeiro de 2021, foi a maneira encontrada pelo delegado Diego Acioli, para amenizar a saudade. “Convidei parentes, amigos próximos e profissionais da sua área profissional para escreverem histórias vividas ao lado dele. Nas belas memórias afetivas, os autores dividiram as lembranças de momentos felizes, emocionantes e engraçados. Uma verdadeira viagem no tempo que mostra o pequeno Raphael e suas peripécias na escola, o adolescente que se já comunicava com desenvoltura diante de todos e o jornalista brilhante que foi”, conta.
Acioli diz que a ideia do livro surgiu no dia do velório, quando naturalmente surgiram várias histórias das pessoas. “Uma história foi puxando a outra e diante de tantas que escutamos naquele momento, imaginei que daria um livro”, fala. “Recordar do que vivenciamos ao lado de Raphael é um modo de ele se fazer sempre presente junto à família e os amigos. O sentimento que tivemos com o livro pronto foi de que realmente fizemos uma bela homenagem e que onde ele estivesse, estaria vendo e compartilhando conosco aquele momento de alegria e emoção na leitura das histórias”, salienta o delegado.
Chá da Saudade
O Morada da Paz, uma empresa do Grupo Morada com atuação nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, oferece aos seus clientes o serviço Chá da Saudade, que tem o objetivo de ajudar aos enlutados a compartilhar as experiências, dores e superações, refletir e redescobrir a importância da vida. A iniciativa busca acolher, escutar e orientar as pessoas a vivenciar o processo de luto da melhor maneira possível e é realizado pela Psicologia do Luto do Morada da Paz de forma gratuita aos clientes.
Segundo a psicóloga especialista em luto Simône Lira, o encontro é um espaço de apoio e escuta, onde as pessoas podem compartilhar suas vidas, sua perda e saudade. Para participar é preciso fazer a inscrição no site do Morada da Paz. Em seguida, é realizada uma triagem pelas psicólogas especialistas em luto da empresa, para verificar se o mais recomendado é que o cliente participe dos encontros ou seja encaminhado para uma psicoterapia. O enlutado participa conforme a sua necessidade, não existindo a obrigatoriedade de ir.
Simône Lira explica que é através do acolhimento e amparo dos profissionais, que o projeto permite que o enlutado não se sinta sozinho em sua dor. “O feedback que recebemos dos clientes é que eles nos têm como referência, segurança e uma rede de apoio. A iniciativa do Morada da Paz com o Chá da Saudade ajuda as pessoas a construírem um sentido para a dor que estão sentindo, por isso é tão importante termos esse espaço de escuta e acolhimento para eles”, ressalta a psicóloga.
Fonte: Bruno Souto Maior