As dificuldades que nosso setor enfrenta habitualmente em seu dia a dia, foram potencializadas neste momento de crise nacional.
Nosso setor é a última barreira de uma batalha que está sendo travada por toda a sociedade, por ser a última, também é a menos vista ou lembrada, principalmente pelos governantes dos três níveis.
Todos os olhos e atenções estão voltados para temas tidos como mais urgentes, mas, no final, seja qual for o resultado, seremos nós, os funerários, que iremos apagar a última luz acesa, e, conduzir o último guerreiro ao seu descanso eterno.
Nenhum Município ou Recanto deste país continental, pode se privar da atividade funerária.
Ela não é mais essencial que outras, mas, bastaria apenas um dia sem ela para que todos descobrissem sua importância no cenário existencial.
Nossa matriz operacional, tão desconhecida pela sociedade, é imensamente maior, e melhor estruturada que a de muitos países considerados desenvolvidos ou de primeiro mundo.
A infelicidade e difícil situação que nossa querida Itália enfrenta neste momento, com o setor funerário, só se repetirá em nosso país em duas situações bem específicas que podem e devem ser evitadas.
A primeira delas só ocorrerá, se não forem adotados os protocolos de segurança, solicitados por nossa entidade ao Governo, fato que poderá colocar nossa equipe em risco com uma possível contaminação, que provocaria o afastamento destes de suas funções, estas essenciais.
A segunda situação que poderia causar um caos na atividade funerária se daria pela interrupção de nossa linha de suprimentos, tanto de urnas funerárias, quanto aos artigos correlatos necessários.
O Protocolo preparado pela ABREDIF – Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, considerou o pior cenário possível, situação que não deverá ocorrer
em razão de medidas que já foram tomadas pelo Governo e pela conscientização nacional, da necessidade de uma ação global, construída a partir da atitude individual de cada brasileiro.
A metodologia que a ABREDIF adotou considerou a capacidade atual de atendimento e as ações que possibilitem triplica-las, sem a necessidade de se aumentar o número de empresas ou colaboradores. Mas nada, absolutamente nada, poderá ser feito se as empresas não forem aparelhadas de instrumentos legais, que lhe permitam fazer aquilo que precisa ser feito, amparadas pela Lei.
A todo tempo a premissa da ABREDIF foi:
“Manter o direito das famílias de realizarem as homenagens póstumas à seus entes queridos, sem abrir mão dos procedimentos de segurança, que garantissem, não apenas a saúde do profissionais do segmento, mas também da sociedade como um todo”.
Isto foi alcançado com o Protocolo entregue ao Ministro da Saúde, no final da semana passada, e é agora atestada como correta nossa ação e linha de raciocínio pela OMS –
Organização Mundial da Saúde, que ontem emitiu nota de orientação mundial para o manejo dos corpos com causa morte relacionada ao coronavírus.
Assim como todos, tivemos que aprender e desaprender tudo antes de chegarmos a um ponto pacífico, o que valia em um instante, já não servia para outro, foi preciso discernir , reavaliar, mudar, ir e vir, até encontrarmos um modelo novo, mesmo este, certamente, deverá ainda ser revisado tantas quantas vezes se fizer necessário.
Certo é que construímos uma matriz que permite sua constante adequação.
Além de combater as dificuldades naturais que um momento como este impõe, nossa categoria, para construir um modelo apropriado na situação atual, teve que se defender e até enfrentar uma minoria ruidosa, que se cegou pelo medo, buscou seu interesse pessoal, até tentou aleijar as famílias de um rito sagrado (homenagear seu mortos), atitude esta que contraria a orientação da OMS .
Tivemos ainda que enfrentar a ganância de um pequeno número de fornecedores, que elevaram artificialmente seus preços em uma clara tentativa de se aproveitar de uma situação que afeta a todos.
O resultado de fogo amigo/inimigo foi o fortalecimento do Verdadeiro Diretor Funerário! Este, hoje, está ainda mais consciente e convencido que nenhum resultado é mais importante do que os meio que utilizamos para atingi-los, pois a final, no final, responderemos pelo que fizermos e não pelo que conseguimos.
Fraternal abraço a todos
Lourival Panhozzi
Presidente da ABREDIF