Pacote para velório inclui vídeo com transmissão ao vivo e mensagens

Transmissão pela internet já é oferecida por cerca de 10% das funerárias no País

Quando sua mãe morreu inesperadamente, após um enfarte, umas das primeiras preocupações da cuidadora Mara Cerqueira, de 45 anos, foi a de que seus dois irmãos que moram nos Estados Unidos não poderiam se despedir. No entanto, a funerária ofereceu à família a opção de transmitir online o velório e o enterro. O serviço começou há cerca de cinco anos no Brasil e a estimativa é de que já seja oferecido por cerca de 10% das 5,5 mil funerárias do País, segundo a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif).

“Nunca tinha ouvido falar desse serviço, mas, quando nos ofereceram, não pensamos duas vezes. Meus irmãos, primos e amigos acompanharam toda a cerimônia, o cortejo e o enterro. Foi como se estivéssemos juntos”, disse Mara.

A funerária Gonzaga, de Governador Valadares (MG), começou a oferecer a transmissão ao vivo em 2007. Primeiro, utilizava as câmeras de monitoramento das salas de velório, mas, por causa da procura de muitas famílias que têm parentes no exterior, investiu em um sistema profissional de filmagem. “Temos câmeras profissionais e a transmissão é feita por três pessoas. Mostramos todos os detalhes, os presentes, mensagens nas coroas de flores e até o corpo, caso o parente queira vê-lo pela última vez”, diz o sócio Eres Gonzaga de Souza. A transmissão é cobrada à parte: cada hora tem o custo de R$ 1 mil.

A funerária realiza de 20 a 25 enterros por mês e a transmissão online é feita de oito a dez vezes ao ano. Souza acredita que a procura deve aumentar, já que é cada vez mais comum que as famílias tenham parentes e amigos morando longe. “Hoje, todo mundo tem um celular com internet e pode fazer isso sozinho, mas, em um momento de dor e quando há mais de uma pessoa longe, elas optam pela transmissão profissional.”

A transmissão é feita pelo site da funerária Gonzaga e qualquer pessoa pode assistir a cerimônia. Em cidades maiores, a preocupação com a segurança e com a exposição das informações familiares fizeram com que outras empresas adotassem um sistema de senha.

É o caso da Funeral Home, na Bela Vista, região central de São Paulo. Ali, as famílias que optam pela transmissão recebem um código. Não é cobrada taxa extra e a filmagem é feita com as câmeras de monitoramento das salas. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a transmissão online dos funerais é oferecida pela prefeitura, sem nenhum custo. A filmagem ocorre com câmeras de segurança, sem som. Dos cerca de 125 enterros feitos por mês nos quatro cemitérios da cidade, o serviço vale em 12%. Na cidade, também é oferecido aos parentes que estão longe enviar mensagens de condolência que aparecem em televisões no velório.

Mensagens. Em busca de formas para amenizar a dor da perda das famílias, Lourival Panhozi, dono do grupo Prever, que comercializa planos e serviços funerários, iniciou a instalação de QR Codes (códigos de barras que podem ser escaneados por câmeras de celular) nas lápides. Quem acessa o código obtém informações e fotos da pessoa enterrada.

Panhozi também passou a oferecer a quem compra um plano funerário gravar uma mensagem, em vídeo ou áudio, para que a família possa assistir após sua morte. Em um ano e meio, já foram gravadas mais de 80 mensagens. “Existe um movimento mundial que defende lidar com mais naturalidade com a morte”, afirma.

Panhozzi desenvolveu a ideia após a morte da primeira mulher, que tinha 56 anos quando descobriu um câncer. “Ela foi muito serena e lidou de forma muito tranquila com o que estava acontecendo. Disse a mim e aos meus filhos tudo o que precisava dizer, mas quantas pessoas não têm essa chance?”

Segundo ele, pessoas com mais de 50 anos aprovaram a ideia e passaram a gravar as mensagens. “Acho que é um exercício positivo, porque, quando enxergamos a morte como realidade, a vida ganha muito mais valor. Trabalho no setor funerário desde 1975 e quando gravei minha mensagem fiquei muito emocionado.”

Transmissão online

Serviço é prestado em cerca de 500 funerárias do País. As filmagens são feitas por câmeras de segurança ou profissionais e as imagens, transmitidas pela internet. Algumas empresas adotam o sistema de senhas e outras deixam o vídeo aberto na rede.

 Mensagens virtuais

Parentes e amigos que estão fora da cidade podem enviar mensagens de condolências, que são transmitidas em televisão nos velórios. Há empresas que possibilitam também o envio de coroas de flores virtuais.

QR Code

O código de barras, que pode ser acessado pela câmera do celular, traz dados e imagens da pessoa que morreu. Antes, era usado apenas nas lápides de celebridades. É possível também deixar mensagens póstumas para os parentes.

 Localização

Funerárias fizeram mapas digitais para localizar as lápides.

Fonte: Estado de São Paulo