Magia no entardecer da funerária

Conheci uma pessoa que era especializada em “dar golpes” ele era tão bom que as pessoas mesmo sabendo que haviam sido por ele enganadas continuavam a gostar dele, um dia lhe perguntei porque agia assim e ele me disse que era para “agradar”, me explicou que trouxa só é feliz quando superado, que mesmo quando dominados por outro em uma situação, acabam por enaltecer seu algoz como forma de aceitar a besteira que fizeram, e fazem outra vez, eles não se contentam em errar uma só vez, precisam errar muitas vezes, só para ter certeza. Quanto a meu amigo, ele só não consegui enganar a morte, mas tentou.

No âmbito da série de livros do Harry Potter, um trouxa é uma pessoa “normal” que nasceu em uma família que não é mágica. Os pais da Hermione são Trouxas, ou seja, não conseguem praticar Magia, deve ser isto que meu amigo fazia “magia”, e deve ser isto que muitos “especialistas em plano funerário”, “professores de tanatopraxia”, “mestres em vendas”, “doutores que fazem ata de tanto por vídeo conferencia desde que comprem a química dele” fazem junto a funerários que insistem em acreditar em magia.

Não queremos aqui ofender nem diminuir ninguém, até porque o importante é ser feliz, mas não conseguimos deixar de nos surpreender diante do número de mágicos que surgiram nos últimos tempos no nosso setor, especialmente depois da regulamentação do plano, no campo da tanatopraxia então é de arrepiar, tem mais professor que aluno, o que entristece é receber toda semana alguém que se “formou em tanatopraxia” em busca de uma vaga prometida e que não existe no mercado.

Enquanto isto no entardecer das funerárias, pessoas normais fazem fila para serem atendidos pelos “mágicos”, posso até ser normal também, já que magico nunca fui, mas nesta fila eu não entro.